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16/09/2019 | 19h21 - Atualizada em 17/09/2019 | 14h03

Transplante e doação de órgãos são destaques em Sessão Solene na Alepa

Reportagem: Mara Barcellos

Edição: Dina Santos

“Desde abril deste ano, eu percebi que Deus havia me dado uma missão aqui nesta terra. Missão que veio cheia de generosidade, amor e compaixão. Eu e minha esposa estamos juntos há cinco anos, sendo quatro de casados. Como outros casais tínhamos planos para o futuro. Só que os nossos planos não são os mesmos planos de Deus, e antes de completarmos o primeiro ano de casados, fomos surpreendidos por uma notícia que mudaria totalmente as nossas vidas: a minha esposa foi diagnosticada com Lupus. Quando diagnosticamos, a doença já tinha comprometido 65% da função renal. Isso nos deixou sem chão. Os rins estavam parando e seria necessário fazer hemodiálise e que haveria possibilidade de realizar transplante. Eu me coloquei à disposição para ser o doador de rim para minha esposa”. Esse é o relato de Oséas da Cruz Lisboa, esposo da Jamile Macedo dos Santos, em um gesto de amor e solidariedade.

O depoimento dele reflete a importância da doação de órgãos para salvar vidas. Em muitos casos, o transplante de órgãos é a única esperança ou oportunidade para uma pessoa recomeçar uma vida nova.

O gesto do marido é lembrado pela esposa que destacou a importância da doação de órgãos. “O transplante não é a cura, mas representa qualidade de vida. Sou agradecida ao ato de amor do meu esposo”, contou emocionada.  

Os relatos comoventes foram destaques durante a Sessão Solene de homenagens e condecorações com a entrega da “Medalha da Solidariedade e Doador de Órgãos”, realizada pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), nesta segunda– feira (17.09), a pedido do deputado Dr. Jaques Neves, atendendo resolução 01/2016.

Em seu pronunciamento, o deputado Dr. Jaques Neves ressaltou a necessidade do gesto de doação e o compromisso do Poder Legislativo com a causa. “ Nós homenageamos todos que fazem esse trabalho e também trouxemos depoimentos sobre a necessidade de se fazer muito mais e com excelência. Com certeza, a terapêutica da doação precisa ser ampliada em nosso Estado. Precisamos aumentar as doações,  aumentar o número de transplantes. E o Parlamento Paraense quer fazer parte para que possamos contribuir pela Comissão de Saúde para que a população tenha vida com saúde e dignidade”, ressaltou.        

Durante a solenidade, foram apresentadas informações sobre os dados de transplantes de órgãos e tecidos no Pará, que contou com médicos e equipe de profissionais de hospitais referência no assunto como Ophir Loyola (córnea e rim); Saúde da Mulher (rim, mas já está credenciado para realizar transplante de medula óssea para convênios particulares); Hospital Universitário Betina Ferro (trabalha com córnea pelo SUS); Clínica Cynthia Charone (córnea, com atendimento pelo SUS e rede particular); e no interior, Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém.

Dados - Uma palestrada ministrada pelo médico hepatologista, Dr. Tércio Genzini, do grupo Hepato, equipe formada por mestres e doutores com atuação em vários países e região amazônica, revelou que o Acre lidera a Região Norte com maior número de transplante de órgãos de doadores falecidos, sendo 20,5 cirurgias para cada grupo de 1 milhão de habitantes. Enquanto o Pará ocupa a segunda posição, com registros de 5,3 cirurgias entre grupos de 1 milhão de pessoas paraenses.

Pará – No primeiro semestre deste ano, o Pará realizou 137 transplantes de córnea e 37 transplantes de rins. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Apesar dos avanços, o Governo do Estado busca ampliar o sistema para atender a demanda de transplantes de outros órgãos.

“Uma das propostas é ampliarmos a rede de atendimento. Acabou de sair uma portaria do Ministério da Saúde habilitando o Hospital da Santa Casa a fazer o transplante infantil de rim. E vamos também habilitar as equipes para o transplante de fígado. A previsão é que até 2020 vamos habilitar o transplante de fígado no Estado” anunciou Ivete Vaz, Secretária Adjunta de Políticas de Saúde da Sespa.  

Interior: Hospitais Regionais do Araguaia, (Redenção) e Regional do Baixo Amazonas (Santarém), Regional Público da Transamazônica (Altamira), realizam transplantes de rins. O Hospital Regional do Sudeste do Pará, em Marabá, é um dos hospitais com potencial para fazer parte da rede de expansão de doação, onde terá a missão de fazer notificação de possíveis doadores com morte encefálica.

Capacitação -  A qualificação dos profissionais é outro assunto que merece atenção especial. É o que defende o médico oftalmologista José Jesu Sisnando, do Hospital Bettina Ferro, da Universidade Federal do Pará, pioneiro em realizar transplante de córnea no Estado e responsável por realizar 458 transplantes de córnea nos últimos seis anos.

“Priorizar a informação e a conscientização da doação e a capacitação são políticas importantes que precisam ser trabalhadas. Estamos formando transplantadores. Não adianta fazer só o transplante, a gente tem que formar médicos. Estamos há dois realizando a capacitação de médicos residentes”, ressaltou.      

Serviço: Central de Transplantes (91) 3244-9692, 3223-8168, 98115-2941 (plantão e whatsApp) ou por email cncdo.transplantes@gmail.com

Estiveram presentes à Sessão Solene a médica  Cynthia Charone, diretora da equipe transplantadora do Hospital  com o mesmo nome; Diretor do Ophir Loyola, José  Roberto  Lobato de Souza; O médico transplantador e chefe da equipe renal do Hospital Regional do Baixo Amazonas, Emanuel Exposito;  Dr Antônio Carlos Alves da Silva, Coordenador  da Organização  de Procura  de Órgãos de Santarém; Dr Jairo Guilherme, membro da Comissão intra hospitalar de doação de órgãos; Dr Judas Tadeu Vieira Coutinho Mendes, Diretor do Hospital São Francisco em Ulianópolis; Maria Bethânia  Fidalgo Arroyo, Reitora da Unama; Débora Francisca da Silva Jares Alves, da Regulação em Saúde do SUS; Dr Manoel Walber dos Santos Silva, presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Belina Pinto Soares, fundadora da Associação de Renais Crônicos e Transplantados do Estado do Pará, e Dra. Danielle Cruz Rocha, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-Pa).Todos foram agraciados com a comenda de homenagens. A deputada Marinor Brito também esteve presente.                          

Quem pode ser doador e o que fazer?

Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, devem autorizar a doação de órgãos.

Pela legislação brasileira, essa é a modalidade de consentimento que mais se adapta à realidade brasileira. A previsão legal concede maior segurança aos envolvidos, tanto para o doador quanto para o receptor e para os serviços de transplantes.

A vontade do doador, expressamente registrada, também pode ser aceita, caso haja decisão judicial nesse sentido.

Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Tipos de doador?

- Doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.

- Doador falecido. São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).

*Com informações da Sespa e Ministério da Saúde.