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03/06/2020 | 11h38 - Atualizada em 03/06/2020 | 11h41

Comissão de Saúde ouve prefeitos e secretários de saúde da Região do Caeté

Reportagem: Mara Barcellos

Edição: Andreza Batalha

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), realizou mais uma reunião remota para ouvir as ações, experiências e as demandas de prefeitos e secretários de saúde da Região do Caeté, relacionadas à prevenção e ao combate à Covid-19, doença provocada pelo coronavírus.

O encontro virtual aconteceu nesta terça – feira (02.05), durante quatro horas. Conduzido pelo presidente da Comissão, deputado Dr Jaques Neves, contou com a participação de representantes de 10 municípios da região que é composta por 15 cidades.

O deputado Jaques Neves agradeceu a presença das autoridades e explicou que esse é um momento delicado que exige união e total comprometimento de todos. Também parabenizou a iniciativa da deputada e médica Ana Cunha em propor a reunião por videoconferência, por meio de requerimento aprovado por unanimidade entre os deputados.

"De fato, essa reunião é importante para ouvirmos, fazermos o enfretamento e buscar soluções conjuntas. Durante o pico da pandemia, a deputada Ana Cunha apresentou essa proposta e então todos aprovaram de forma unânime. A maioria dos nossos municípios não têm hospital de pequeno porte estruturado. É inadmissível que ainda tenham municípios sem aparelhos de raio-x, que não possuem aparelho de eletro e, muitas vezes, nem os equipamentos mínimos necessários e de qualidade. Esse é o objetivo da reunião, ouvir os prefeitos e suas dificuldades para apresentarmos um relatório aos Poderes Legislativo e Executivo com as demandas de cada um", reiterou.

Autora da proposição, a deputada Ana Cunha destacou a ação histórica do Poder Legislativo Estadual como instrumento de diálogo e aproximação.

"O que nós estamos fazendo é histórico. Até então, essas oitivas não conseguiam acontecer, até pela regionalidade, mas esta dificuldade momentânea nos aproximou de outra maneira, porque hoje podemos conversar virtualmente e escutar as dificuldades e conhecer a realidade de cada município. E isso nos dá uma solidez do que vamos apresentar na Assembleia e dialogar com a Sespa e Governo, porque a saúde é e sempre será uma das partes mais finas de qualquer governo porque é a vida", ressaltou.

"Que nós possamos não só ouvir, mas fazer emendas coletivas, porque se cada um der uma parte, dessa forma se torna mais efetiva para as regiões," sugeriu Ana Cunha.

Entre as principais necessidades e comuns à maioria dos municípios relatados pelos agentes públicos que participaram do encontro, destacam-se: poucos recursos financeiros para aquisição de equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de medicamentos, insumos e equipamentos necessários para desenvolver um bom trabalho na área da saúde.

Outra questão destacada entre os representantes está relacionada à dificuldade de contratar novos profissionais de saúde, pois muitos municípios tiveram baixa com profissionais contaminados que foram afastados de suas atividades.

É o caso do município de Quatipuru que está com apenas dois médicos para atender toda a população.

"Temos apenas dois médicos e precisamos de novos profissionais para reforçar o trabalho de combate à Covid-19. Também precisamos de apoio com uma ambulância semileito, medicamentos, EPIs e solicitamos a presença da policlínica itinerante", destacou o prefeito Luiz Pereira.

Para a secretária de saúde do município de Capanema, Rosimeire Costa, um dos maiores problemas ainda é a falta de leitos para atender a demanda da população, já que o Hospital Regional de Capanema é referência para a Região do Caeté.

"Nós atendemos aqui em Capanema cerca de nove mil pessoas com sintomas de covid. Desse total, tivemos 33 óbitos confirmados e 21 suspeitos em análises. E só conseguimos internar 63 pessoas em leitos. Então, a grande e maior dificuldade é de leitos. O governador nos socorreu e colocou mais 29 leitos de UTI no Hospital Regional, mas precisamos de mais leitos clínicos", evidenciou.

O prefeito de Santa Luzia do Pará, Messias Rebouças, disse que o maior problema enfrentado ainda está na regulação de pacientes encaminhados para atendimentos em casos mais graves.

"O nosso maior gargalo sempre foi regulação. Nós temos unidades básicas de saúde e nós ficamos à mercê das dificuldades de leitos e encaminhamentos por problemas de regulação no Estado. No meu ponto de vista, precisamos definir a organização da regulação dos leitos por parte da Secretaria de Estado de Saúde", observou.

"Outra questão é sobre a aquisição de EPIs. Aqui, praticamente, passei 28 dias tentando fazer compras mesmo com recursos em conta, porque os valores estavam muito altos. E nesse caso, qual é o aporte que o Estado vai poder nos ajudar para comprar EPIs, medicamentos e equipamentos ?", questionou o prefeito de Santa Luzia.

Dr Mario Filho, vice - prefeito de Bragança, destacou as principais ações para fazer o enfrentamento diante da pandemia e solicitou algumas prioridades para reforçar o trabalho. No município foram registrados 52 óbitos e 483 pessoas recuperadas.

"Desde quando a pandemia ficou mais intensa, estabelecemos quatro unidades básicas de saúde em funcionamento de domingo a domingo, de 8 às 20h e consideramos como policlínicas fixas. Decretamos por duas semanas lockdown e montamos um comitê de crise que envolve a sociedade civil organizada, e isso vem nos ajudando a elaborar um trabalho de forma gradativa e responsável. Mas estamos precisando de mais 10 leitos, medicamentos e testes para casos leves e moderados", disse.

Com intuito de realizar uma ação mais efetiva com demandas direcionadas a partir dos relatos dos prefeitos, a deputada e vice-presidente da Comissão de Saúde, Dra Heloísa Guimarães, fez observações estratégicas importantes para fortalecer o trabalho.

"É importante apresentamos uma nova planilha de gastos ao governo para o empréstimo contraído e que está em fase de contratação para o combate à Covid. Mas que, nesse momento, a gente entende que a mortalidade e o adoecimento das pessoas se faz mais importante investir em equipamentos, medicamentos e testes rápidos. E assim a necessidade da colaboração dos deputados em indicar e dar prioridade para esses gastos", destacou.

Essa é a segunda reunião remota com prefeitos e secretários de saúde realizada com o objetivo de conhecer melhor as necessidades e realidades de cada município de forma regionalizada. Os participantes aprovaram a iniciativa.

"Parabéns pela iniciativa da Assembleia Legislativa em ter aprovado o requerimento da deputada tão importante para que nós possamos discutir aqui os problemas de saúde pública relacionados à Covid-19 no nosso Estado e nos municípios paraenses", manifestou Chico Neto, prefeito de Capanema.

"Esse momento que Assembleia Legislativa oportuniza aos prefeitos é importante. Dividir com os deputados as medidas que adotamos e os investimentos que foram feitos e, principalmente, para pedir ajuda dos deputados para que a nossa estrutura de saúde possa melhorar", expressou o prefeito de Viseu, Isaías Neto.

Para Josenir Nascimento, que esteve representando o Governo do Estado na reunião, a iniciativa do Poder Legislativo Estadual fortalece as ações do Parlamento e de políticas pública para todo o Pará.

"Com esse discurso com os municípios, o Parlamento se engrandece. E para nós isso é muito importante, porque antes os prefeitos iam buscar socorro no Poder Executivo e agora com o Poder Legislativo Estadual participando do processo, isso facilita muito a ponte, porque o prefeito está preocupado com o cuidado do dia a dia, resolvendo questões de ambulâncias, posto de saúde e hospital, e o parlamento, nesse momento, tem muito a ajudar, porque é de lá que vem as autorizações dos gastos. O parlamento tem um papel muito importante e está se materializando aqui nessas reuniões", finalizou.

Participaram da reunião os seguintes deputados: Ana Cunha, Eliel Faustino, Paula Gomes, Jaques Neves, Heloísa Guimarães, professora Nilse Pinheiro.

Da Região do Caeté participaram gestores públicos dos municípios de Augusto Correa, Capanema, Quatipuru, Bragança, Bonito, Santa Luzia do Pará, Salinópolis, Tracuateua, Viseu e Peixe Boi.

A comissão vai definir nos próximos dias a região paraense que será ouvida pelos deputados.