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21/06/2021 | 20h01 - Atualizada em 21/06/2021 | 20h02

Sessão Especial para debater a ciclomobilidade reúne ciclistas e órgãos de trânsito

Reportagem: Dina Santos

Edição: Dina Santos

Belém possui uma malha cicloviária de 111 quilômetros de espaços reservados aos ciclistas. Parece muito, mas na prática, as ciclovias são como áreas de conflito. Esses espaços que deveriam dar segurança a quem utiliza as bicicletas como meio de transporte, por esporte ou laser são frequentemente "invadidos" por carros estacionados, placas, pedestres e outros obstáculos.

A falta de manutenção e de estrutura são outros problemas apontados por Josué Negrão, representante do movimento Ciclomobilizados, durante a Sessão Especial realizada nesta segunda-feira (21/06), no plenário Newton Miranda, na Assembleia Legislativa do Pará.

Josué Negrão

A Sessão foi pedida pelos deputados Dirceu Ten Caten e Marinor Brito para debater a ciclomobilidade na Região Metropolitana de Belém e foi feita em regime semipresencial.

Segundo o deputado Dirceu Ten Caten, "buscamos reverberar pautas como essa e dentro das nossas possibilidades, abrir caminhos e diálogos para a elaboração de políticas públicas", avalia. "Fazer esta Sessão Especial é uma estratégia política para reunir os ciclistas e outros atores, como os representantes de órgãos de trânsito não só de Belém, mas de outros municípios, para fazer o poder público ouvir os clamores dessa categoria", destaca Dirceu Ten Caten.

Deputado Dirceu Ten Caten

para ele,"é preciso pensar em como cuidar melhor desses ciclistas, para que eles tenham um espaço respeitado, e buscar conjuntamente as soluções para os problemas que os ciclistas enfrentam no dia-a-dia", finalizou.

A deputada Marinor Brito lembrou da obrigatoriedade do Poder público "para viabilizar políticas cicloviárias que tratam do transporte realizado com veículos de duas rodas, de um modo geral", avalia. "Temos que nos aproximar da população, tanto na ocupação desses serviços como usuários, quanto da população que utiliza esses meios de locomoção, e garantir as condições previstas na Constituição Federal relacionadas à segurança. Temos que pensar uma proposta de política pública que garanta a segurança de um sistema cicloviário estadual, que interligue as vias e facilite o deslocamento. Por isso estamos aqui, esse é um momento de receber sugestões e ouvir propostas", ressaltou a parlamentar.

Deputada Marinor Brito

Os problemas não afetam apenas os ciclistas. os pedestres também acabam prejudicados pela dificuldade de garantir a ciclomobilidade nas ruas. Foi o que defendeu Jaqueline Silva, representante das famílias de vítimas do trânsito. "Os ciclistas reclamam que não são respeitados em seus espaços. O condutor, principalmente de carros, acha que a via é preferencial do carro, esquecendo que a via tem outros pessoas, como pedestres e ciclistas. Então, os acidentes acontecem e muitas vezes não há uma justificativa para isso, são assassinatos em nossas ruas", analisa Jaqueline.

Jaqueline Silva

A superintendente da SEMOB, Ana Valéria Borges, avaliou que "o caminho para garantir a segurança viária dentro do desenho urbano não pode ser concentrado apenas em uma cidade. Esta é uma realidade de todos os 144 municípios paraenses, onde ocorrem acidentes e a falta de empatia no trânsito". Ela pediu que o Poder Legislativo inicie um movimento para a criação de uma política ciclo estadual de ciclomobilidade.

Ana Valéria Borges

Segundo estatísticas do Departamento de Trânsito (DETRAN), em 2019 foram registrados 701 acidentes envolvendo ciclistas em todo o Pará, deixando 731 feridos e 52 mortos. Em 2020, foram registrados 540 acidentes, com 614 feridos e 39 mortos.

Municípios desconectados - Além dos 111 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas de Belém, a Região Metropolitana conta com poucos espaços em outros municípios. A malha de Ananindeua tem quase 8 km ao todo e Marituba possui 750 metros. Além de insuficientes em extensão, as vias não são interligadas para garantir as rotas na Grande Belém.