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24/09/2021 | 21h01 - Atualizada em 24/09/2021 | 21h22

Por uma educação libertadora. Alepa faz homenagem a Paulo Freire

Reportagem: Dina Santos

Edição: Dina Santos

A Sessão Especial realizada nesta sexta-feira (24/09), no Plenário Newton Miranda foi requerida pelo deputado Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, em homenagem ao centenário do educador Paulo Freire, que faria 100 anos em 19 de setembro.

"Paulo Freire é referência mundial para os estudos em educação, criou o movimento de pedagogia crítica. Não poderíamos deixar de prestar essa homenagem e trazer à sociedade o debate sobre educação popular, direitos humanos e o legado deixado por ele", avaliou o parlamentar.

Deputado Carlos Bordalo

A realização da Sessão Especial foi solicitada por uma rede coletiva de educadores, instituições, movimentos sociais, entre outras pessoas da sociedade civil para discutir uma postura do parlamento em relação à realização de atividades e ações visando a Educação Popular.

Maria Do Socorro Castelo Branco

A professora Jaqueline Freire, do Instituto Paulo Freire, abriu o debate com uma palestra sobre a vida e obra do patrono da educação no Brasil. "Hoje é um dia de celebração, a Assembleia Legislativa do Pará é uma das poucas casas de leis no Brasil fazendo uma sessão especial na data de hoje e isso nos alegra muito", destacou, lembrando o pensamento do homenageado. "A educação popular implica na recusa da cadeia de subserviência, é a cabeça pensar a partir de onde os pés pisam", citou.

Ela entregou ao deputado Carlos Bordalo uma edição especial da obra "Pedagogia do Oprimido – manuscritos", escrito por Paulo Freire durante o exílio.

Com exibição de vídeos sobre o legado de Paulo Freire e apresentações artísticas em homenagem a ele, a sessão teve uma apresentação do Projeto Mandala, coordenado pela professora Maria do Socorro Castelo Branco, que reúne alunos dos cursos de enfermagem, medicina e fisioterapia. O projeto na área de saúde busca outras maneiras de interação com pacientes diabéticos, sem ser impositivo. "Partimos do diálogo, proposto por Paulo Freire, e aplicamos à área de saúde", destacou Maria do Socorro.

Jaqueline Freire

Para a secretária Estadual de Educação, Eliete Braga, é preciso que Paulo Freire esteja sempre presente em cada um de nós que trabalhamos com educação. Acreditamos nesse poder transformador do conhecimento", avaliou.

Reitor Emanuel Tourinho

O reitor da Universidade Federal do Pará, Emanoel Tourinho, enalteceu a participação de representantes de movimentos sociais – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetagri), Movimento dos Atingidos por Barragens e Fase Amazônia.

"Se Paulo Freire estivesse conosco, estaria orgulhoso dessa mesa, neste evento, porque o seu trabalho foi voltado para levar educação e dignidade a todos na sociedade", avaliou. O reitor lembrou que o Brasil completará 200 anos de independência em 2022. "Pergunto se há como comemorar como uma nação com profundas desigualdades sociais e violações de direitos. A importância de Paulo Freire até hoje é chamar a atenção, que não queremos uma educação qualquer, mas a educação de integração e de direitos", concluiu Tourinho.

A sessão foi encerrada com a exibição de outro vídeo, com imagens de Paulo Freire nas duas ocasiões em que esteve em Belém. O vídeo foi produzido pelo departamento do memorial da Alepa.

Por uma educação libertadora - Patrono da Educação Brasileira de acordo com a Lei nº 12.612. Paulo Freire foi o brasileiro mais citado em estudos acadêmicos pelo mundo e com maior número de títulos honoris causa, foi homenageado em pelo menos 35 universidades brasileiras e estrangeiras e aproximadamente mais de 350 escolas ao redor do mundo levam seu nome.

A educação popular busca valorizar os saberes já existentes das pessoas e seu cotidiano cultural para enfim criar novos conhecimentos. A proposta de Freire diz que o ensino é uma ferramenta de libertação do pensamento crítico à realidade do estudante e a ampliação dessa consciência social é um caminho para atingir a autonomia. Ele orientou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias ensinando fonemas por meio de palavras que faziam parte do cotidiano dos trabalhadores.

Uma pedagogia baseada em um pensamento político que reconhece a existência das desigualdades entre as classes sociais como um grande fator de opressão dos mais ricos sobre os mais pobres.