• Item
    ...

Notícia

05/10/2021 | 09h31 - Atualizada em 05/10/2021 | 09h48

Bordalo ouve comunidades ribeirinhas da APA do lago de Tucuruí

Reportagem: Lilian Campelo

Edição: Lilian Campelo

 Na comunidade Santa Rosa - Lilian Campelo/Ascom Bordalo

"O rio emprega mais que muita Prefeitura", afirmou Ronaldo Macedo, presidente da Associação da Comunidade Ribeirinha Extrativista da Vila Tauiry, em reunião com o deputado Bordalo, na última quinta-feira (30). A frase exemplifica a principal atividade econômica da comunidade, situada na Área de Proteção Ambiental – APA do lago de Tucuruí, no município de Itupiranga, região sudeste do Pará.

A Vila Tauiry foi uma das três comunidades que o parlamentar visitou em diligência pela Comissão de Direitos Humanos de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), percorrendo ao todo quatro municípios, partindo de Marabá, Itupiranga, Nova Ipixuna do Pará e Jacundá, cidades que possuem seus territórios inseridos na APA do lago de Tucuruí. O objetivo da diligência era conhecer a realidade local da APA e ouvir as comunidades quanto aos problemas que enfrentam. Os depoimentos irão compor um relatório que o deputado Bordalo apresentará na Alepa.

Ronaldo Macedo, de boné verde, ao lado deo deputado Bordalo – Lilian Campelo-Ascom Bordalo

BORDALO

Em abril deste ano o deputado Bordalo realizou uma audiência pública virtual para discutir com a sociedade civil sobre o Projeto de Lei n° 270/2019 que tinha como objetivo suprimir o inciso VI do artigo 4° da Lei Estadual nº 6.451, de 8 de abril de 2002, que proíbe a extração e a lavra de minérios, de qualquer espécie na a Área de Proteção Ambiental do Lago de Tucuruí (APA) no Estado do Pará.

O parlamentar, que é membro da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, ao se deparar com a pauta, solicitou vistas ao projeto e pelo regimento a pauta ficou paralisada no legislativo. Cerca de 300 pessoas acompanharam a audiência pública virtual, entre lideranças sociais, representantes de associações de pescadores, pesquisadores, órgãos públicos e instituições do Governo Estadual. Na ocasião, Bordalo declarou que realizaria uma diligência para conhecer in loco a realidade das comunidades impactadas pela construção da hidrelétrica de Tucuruí.

Leia Mais: 203 anos da PM no Pará, Bordalo apresenta votos de congratulações na Alepa

ÁGUA E PEIXE

Além da Vila Tauiry, o parlamentar se reuniu com lideranças e moradores da Comunidade Praia do Meio, em Nova Ipixuna do Pará, e a comunidade Santa Rosa, em Jacundá, nos dias primeiro e dois de outubro, respectivamente. A falta de um sistema de abastecimento de água foi uma das pautas centrais apontadas pelos moradores e que mais chamou atenção do parlamentar.

"Foi instalado uma hidrelétrica e as comunidades em que visitei com uma média de 120 famílias ainda vivem sem água potável, por que não se encontrou meios e esforços para se implementar um sistema de abastecimento de água?", questionou Bordalo em tom de indignação.

João Diniz, pescadorNa Praia do Meio, o pescador João Diniz, 58 anos, relatou que peixes como filhote, dourada e pacu de manteiga são espécies hoje raras de serem encontradas no Rio Tocantins e ele acredita que isso ainda se deve aos impactos ambientais causados pela barragem da hidrelétrica de Tucuruí.

A pesca é uma das principais atividades de geração de trabalho, renda e de subsistência das famílias ribeirinhas da APA, principalmente àquelas que se encontram ao redor do lago. A escassez de peixes também foi um dos problemas apresentados pelos moradores da comunidade Santa Rosa, que possui um porto de recebimento do pescado do lago, mas que atualmente encontra-se em condições precárias.

PEDRAL DO LOURENÇO

Outro impacto socioambiental que preocupa as comunidades é o derrocamento do Pedral do Lourenço. A Vila Tauiry será uma das comunidades ribeirinhas mais impactadas. O derrocamento do Pedral consiste no desmonte de 35 quilômetros de rochas. De acordo com a reportagem do site Mongabay, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) pretende implodir e dragar um trecho de 212 quilômetros do Rio Tocantins. A empresa que executará a obra será a DTA Engenharia, e segundo ela serão removidos 986.541 metros cúbicos de rocha ao longo de dois anos e meio.

O derrocamento visa aumentar a disponibilidade de navegação para que possa ser implementada o projeto da hidrovia Araguaia-Tocantins, tornando-se assim um corredor logístico de commodities. A bacia do Araguaia-Tocantins é a segunda maior do Brasil e possui cerca de três mil quilômetros de potencial navegável.

Vila Tauiry, a beira do rio Tocantins – Lilian Campelo – Ascom Bordalo