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07/02/2022 | 11h41 - Atualizada em 07/02/2022 | 15h00

Comissão de Direitos Humanos e Grupo de Pesquisa Eneida de Moraes destacam a luta de mulheres rurais

Reportagem: Lilian Campelo

Edição: Lilian Campelo

Foto: João Zinclar/ Universidade Livre FeministaA luta e a participação diária na vida social é uma via construída por muitas mulheres. Mesmo em maior número nos centros e interiores do país, a participação feminina - com destaque às mulheres do campo e periféricas - ainda é uma pauta que caminha na invisibilidade de acesso aos direitos básicos. 

Os movimentos sociais de mulheres no Brasil são referências em muitos temas de interesse coletivo tanto local quanto internacional, a pauta dos direitos femininos é um movimento articulado que ao longo do tempo teve decisivas contribuições no processo de democratização do Estado e realizou ações importantes na implementação de políticas públicas para as mulheres.

Destaque para os inúmeros órgãos e debates voltados para traçar políticas públicas de promoção da igualdade de gênero e combate à discriminação contra as mulheres, redes de apoio, espaços de escuta, entre outras iniciativas que pensam a participação e o bem-estar feminino.

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A presença das mulheres na militância há décadas é expressiva e crescente, a exemplo da participação em reivindicações pelo direito ao voto, por educação, pela autonomia de seus próprios corpos, contra governos ditatoriais ou em lutas pela democratização de acesso à terra lideradas por mulheres em movimentos sociais campesinos. 

MULHERES NOS MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS

A Marcha das Margaridas, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), é um dos movimentos mais significativos na pauta de luta pela terra. Ela tem levado milhares de mulheres, que vivem nos espaços rurais, para Brasília há mais de vinte anos e na sua primeira edição, em 2000, foram 20 mil manifestantes.

Traçar a importância do trabalho e a atuação das mulheres que vivem nas zonas rurais do Pará e identificá-las como sujeitos políticos que cotidianamente buscam espaços para ampliar sua voz, foi o mote entre a parceria da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA) e o grupo de pesquisa Gepem da Universidade Federal do Pará (UFPA) para desenvolver produtos audiovisuais que registram a atuação de jovens mulheres lideranças em suas comunidades rurais e relatarem sobre sua vivência dentro das suas comunidades.

A jovem Manú de 26 anos, integrante do Movimento Sem Terra no Pará, acampada na comunidade rural de reforma agrária Terra Cabana destaca que a sua inserção na luta nos movimentos coletivos partiu da sua infância, com a formação religiosa, mas se estabeleceu na vida adulta com sua formação participativa nos movimentos populares da universidade, atualmente a jovem direciona coletivamente a Juventude Sem Terra no Estado.

Manu, 26 anos, jovem liderança no MST

GÊNERO E RURALIDADES

A professora Drª Ruth Almeida coordenadora e idealizadora do projeto destaca a importância de estudar mulheres nas regiões rurais pelo fato de que os temas que atravessam essa lutas, como o sexismo, o racismo, a invisibilidade, entre outros giram em torno dos centros urbanos contribuindo ainda mais para a invisibilidade das mulheres campesinas, o que torna praticamente impossível gerar dados e informações sobre tudo o que atravessa a existência dessas mulheres.

"Estudar mulheres de regiões rurais é descortinar uma realidade que já é dramática, mas principalmente porque as pautas tendem a ser muito mais no ambiente urbano", afirma.

Ela destaca ainda que nas regiões rurais os problemas sociais que cortam a vida dessas mulheres é altamente acentuado e elas são levadas a cumprir papéis reprodutivos e representativos, e quando saem dessa realidade, partindo para espaços de decisão elas se tornam protagonistas e rompem com a lógica do silenciamento, tornando os movimentos sociais encabeçados por mulheres uma ferramenta importante de independência.

Samily Valadares, de 26 anos, do território quilombola de Jambuaçú em Moju, é um desses exemplos em que os problemas sociais percorrem sem pedir licença a vida da jovem quilombola. Neste vídeo ela relata que os conflitos socioambientais travados nos territórios tradicionais atingem de forma diferente as mulheres por estarem na linha de frente dos embates, principalmente por tomarem a frente da conservação do território, na luta por saúde e educação contextualizada.

Samily Valadares

Almeida completa destacando que nos movimentos, associações e estruturas sindicais de trabalhadores e trabalhadoras rurais há muita representação feminina nos cargos de liderança bem mais que os movimentos rurais só de mulheres, os quais ainda são poucos no Estado, contudo os postos de coordenação, presidência e lideranças dentro dos movimentos já criam espaços para discutir o papel das mulheres nas associações e cooperativas.

Texto: Thais Peniche

Revisão: Lilian Campelo