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Escalpelados denunciam empresas de transporte marítimo de lhes negar direito
Reportagem: Carlos Boução- AID - Comunicação Social
Edição: Andreza Batalha - AID - Comunicação Social
O passe livre no transporte às vítimas de escalpelamento foi o tema principal da reunião convocada pelo deputado Carlos Bordalo (PT), realizada nesta segunda-feira (24) no Palácio da Cabanagem, sede da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).No entanto, as vítimas de escalpelamento presentes, representantes de órgão do governo do Estado, associações e organizações não governamentais que atuam no equacionamento e na diminuição da incidência do acidente levantaram outras dificuldades com que as vítimas enfrentam para manter o tratamento. O tratamento das vítimas é para o resto da vida, incluindo tratamento especializado e acompanhamento médico em Belém, após o acidente com o motor da embarcação.
Empresas podem estar burlando decreto estadual
“Toda vez que chego para exercer o meu direito à gratuidade, e me locomover de uma cidade para outra, o direito é negado. Às vezes, pedem para gente ir com 15 dias de antecedência da viagem e, mesmo assim, quando chegamos não tem mais vaga para gratuidade. Temos que tirar do nosso bolso ou as pessoas acabam perdendo consultas”, destacou Anne Almeida, moradora de Abaetetuba, que foi vítima de escalpelamento há 23 anos. 
Arlene Prata, moradora do interior de Breves, vítima, aos 10 anos, de escalpelamento, hoje, com 51 anos, confirmou a dificuldade de garantir vaga nos barcos para vir a Belém, citando as dificuldades impostas aos usuários do benefício com as empresas que operam na região.
O Passe Livre é oferecido pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA) para as vítimas de escalpelamento no Pará, em sua grande maioria de baixa renda ou quando não há vaga para utilizar o Tratamento Fora do Domicílio (TFD) quando necessário.
Após as falas das diversas representações governamentais e das entidades da sociedade civil sobre as dificuldades apresentadas, foram tomadas algumas deliberações anunciadas ao final pelo deputado Bordalo. Primeiro, a criação de um grupo de trabalho para o lançamento de uma campanha de mobilização social com o uso de ferramentas de publicidade e propaganda a ser veiculada a partir do dia 28 de agosto próximo, no dia nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento.
Terceira convocação de uma reunião com representantes das empresas denunciadas por dificultarem o acesso aos pacientes escalpelados, a ser feita pela ARTRAN – Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos de Transporte, desmembrada do ARCON.
Desde o ano de 1964, segundo a Casa de Apoio Espaço Acolher, quando iniciaram o monitoramento dos casos, até o presente, foram registrados 284 de escalpelamentos em 41 municípios do Estado, sendo os municípios do arquipélago do Marajó, onde ocorrem o maior número de casos. A maioria dos pacientes vítimas de escalpelamento são provenientes de municípios ribeirinhos, distante da capital paraense, onde o tratamento é realizado e são pessoas de baixa renda. Os especialistas ainda citaram a existência de subnotificações o que poderia subir o número para mais de 500 casos.
No acidente, que atinge principalmente menina e mulheres ribeirinhas de cabelos longos, o couro cabeludo – todo ou parte – é abruptamente arrancado em contato com o eixo em alta rotação do motor, inclusive orelhas, sobrancelhas e por vezes uma enorme parte da pele do rosto e pescoço, levando a deformações graves e até a morte. Esse acidente tem maior incidência em pequenas embarcações, onde o motor fica exposto.
