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25/09/2020 | 18h05 - Atualizada em 25/09/2020 | 18h07

Retirada da língua espanhola da grade curricular preocupa professores no Pará

Reportagem: Jéssica Diniz Lima

Edição: Jéssica Diniz Lima

A reforma do ensino médio instituída em 2016 pelo Governo Federal por meio de Medida Provisória (MP – 746/2016) preocupa professores de escolas paraenses em razão do fim da obrigatoriedade da língua espanhola na grade curricular. Um grupo de docentes esteve reunido com o deputado Dirceu para tratar do assunto.

Profissionais de inúmeras instituições relataram a retirada das aulas de língua espanhola e o consequente prejuízo ao ensino público que retrocede na oferta de língua estrangeira, especialmente quando se leva em consideração fatores relevantes como a preferência de estudantes quando prestam vestibular.

Historicamente, o número de estudantes que optam pela língua espanhola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é maior do que aqueles que optam pela língua inglesa, esta última é a única língua obrigatória na Base Nacional Comum Curricular no ensino médio que deverá ser totalmente implementada até 2020.

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) indicam que cerca de 60% dos candidatos optam pela língua espanhola no Enem, fato que corrobora com demonstrações feitas pelos professores que exemplificaram municípios paraenses. Para se ter uma ideia, em Altamira 7.303 estudantes escolheram a língua espanhola no Enem de 2017 frente a 2.705 que optaram pela língua inglesa. Já em Ananindeua a distância é ainda maior, foram 10.206 optantes por inglês, enquanto que 22.777 escolheram o espanhol.

Os números seguem a mesma linha na capital Belém onde 39.791 realizaram o Enem levando em consideração a língua inglesa, enquanto que 74.987 ficaram com o espanhol. Apesar da preferência pela língua espanhola, os resultados do Enem atestam também que os estudantes que optam pela língua espanhola possuem desempenho inferior daqueles que escolhem o inglês, o que demonstra a deficiência do ensino da língua espanhola.

O que faz sentido com outro dado levantado durante a reunião, o de que existiriam em todo o estado apenas 130 professores de espanhol para um total de 872 escolas de ensino médio, o que significaria basicamente que milhares de estudantes no Pará não têm nenhum contato com a língua espanhola.

Para os professores o desinteresse em ofertar língua espanhola é um desestímulo não só para estudantes, mas para toda a comunidade escolar. O Brasil tem pelo menos sete países vizinhos cujo espanhol é a língua oficial, língua que é também a segunda mais falada no mundo, perde apenas para o mandarim.

Inicialmente, o deputado Dirceu propôs três iniciativas como "pontapé" inicial com reuniões para tratar do assunto com outros parlamentares na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa (Alepa), outro encontro com o Conselho Estadual de Educação e ainda a com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

"Onde nós chegamos encontramos queixas referentes ao ensino médio, da estrutura à falta de professor. Por tanto, o ensino médio é nossa prioridade desde o primeiro mandato, então essas reuniões serão a base do que será construído sobre a oferta da língua", disse o deputado Dirceu.