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Alepa realiza velório do ex-deputado e comunicador Luiz Eduardo Anaice
Reportagem: Natália Mello
Edição: Andreza Batalha
Uma cerimônia realizada na noite desta terça-feira (18), no hall de entrada do Palácio Cabanagem, sede do Poder Legislativo paraense, marcou o momento de despedidas de familiares, amigos e admiradores no velório do ex-deputado e comunicador Luiz Eduardo Anaice. O jornalista e apresentador faleceu nesta manhã, após sofrer um ataque cardíaco em um hospital particular na capital paraense.
Símbolo de um modelo de jornalismo policial pautado no humor e na irreverência, Anaice deixa esposa, com quem foi casado 48 anos, um filho – Keoma – e três netas de sua filha já falecida. Keoma Anaice, de 35 anos, é empresário, e comentou, emocionado, as homenagens recebidas pelo pai, e a relação de amizade e companheirismo construída ao longo dos anos.
"Ele foi um grande pai, um grande avô, um grande filho, um grande amigo. Ele foi um parceiro. E ele deixa um legado, a carreira dele, mas também ajudou muita gente (...). Não tenho palavras nesse momento, mas ele é e sempre vai ser minha inspiração, sempre vai ser aquele cara que puxava minha orelha me olhando nos olhos. Um simples olhar dele e eu já entendia tudo. Nossa conexão é muito forte. E o que eu posso dizer é o que você está vendo aqui, pessoas reunidas para homenageá-lo. Então ele vai estar sempre aqui", disse, apontado para o coração, e finalizou: "ele está enraizado na cultura paraense. Vai ser eternizado, é o eterno caceteiro", disse, se referindo a um dos principais jargões criados pelo pai.
Outras expressões, como "O pau te acha", "Aplica" e "Chicote nele", que Anaice popularizou no rádio, foram incorporadas pelo público e ainda repercutem entre o público e a população de Belém e do Pará. O diretor comercial do Grupo RBA, Nilton Lobato, ressalta que o comunicador era líder de audiência no horário do programa que apresentava, o Barra Pesada.
"Um jornalista que já estava no grupo há mais de 30 anos e permaneceu com audiência. Mesmo quando nós fizemos uma mudança no horário do Barra Pesada, a audiência o seguiu. As pessoas o seguiam, porque ele tinha um público cativo, um público que o seguia e o via como uma referência do jornalismo. Então, para nós, da RBA, é uma perda muito grande e com certeza para a comunicação do Pará é uma grande perda, mas a gente deseja que ele esteja bem, e com certeza nos solidarizamos com todos os amigos, familiares, seguidores, telespectadores e ouvintes que durante muito tempo seguiram Luiz Eduardo Anaice", declarou.
Colega de profissão, o jornalista e radialista Guilherme Guerreiro conta que teve seu caminho cruzado com Anaice por várias vezes durante a carreira. "A perda é gigante, assim como o Anaice se transformou em um gigante (...). Trabalhamos juntos na Rádio Clube, na Rádio Marajoara, então a nossa trajetória se confunde muito. Sempre teve um brilho próprio, criou uma linguagem singular. Transformou a reportagem policial, que era pesada, densa, em uma coisa mais leve, até inserindo o humor, com os bordões que ele criou. Virou um apresentador extraordinário dentro da forma coloquial, leve, de fazer a sua apresentação", analisou.
Guilherme diz enxergar a trajetória do comunicador como "uma verdadeira revolução, e sempre será uma revolução. E o mais bonito é que ele construiu uma carreira gigantesca na comunicação do Brasil, mas ele nunca se sentiu estrela. Manteve uma linha de simplicidade de humildade com o alcance que ele conseguiu. Estava todos os dias nos ensinando, e dizia que estava aprendendo", concluiu.
Priscila Amaral é apresentadora da TV Record em Belém e esteve presente no velório de Anaice. Ela revela que não o conhecia pessoalmente, mas, recentemente, foi procurada por ele para falar, essencialmente, de jornalismo e foi quando iniciou um elo com o comunicador. A jornalista diz que já acompanhava o trabalho do apresentador, e o considerava uma referência na profissão.
"Um dia, não sei como ele conseguiu meu número e começou a conversar comigo no WhatsApp. Como telespectador que me assistia, que me incentivava, ele falou coisas para mim que eu nunca imaginei ouvir de uma referência como ele. E isso foi quando eu estava grávida. Na hora que o jornal estava no ar ele me mandava mensagem e eu ficava enlouquecida querendo mandar abraço pra ele. E ele escrevia: 'não cita nomes para não gerar ciumeira, mas eu sou o seu telespectador assíduo'. E, palavras dele, 'um dia, menina, eu quero apresentar um programa com você'. E eu queria dizer para ele que não deu tempo. Nossa, é doído isso. Mas quem sabe um dia a gente se encontra e apresente algo", finaliza Priscila.
Trajetória - Nascido em 21 de dezembro de 1953, em Macapá, Amapá, iniciou sua jornada profissional como radialista aos 18 anos, quando chegou à capital paraense para trabalhar na Rádio Clube. Anos depois, Anaice trabalhou na Rádio Marajaora e, em 1992, recebeu um convite para integrar a equipe do programa Barra Pesada, da RBA TV, marcando sua estreia na televisão, onde fez história.
Luiz Eduardo Anaice tinha 69 anos de idade, era jornalista e foi apresentador de diversos programas de televisão ao longo de sua carreira, entre eles o Metendo Bronca, Barra Pesada e Bora Cidade. Foi eleito deputado estadual em duas eleições consecutivas, atuando como parlamentar na Alepa entre os anos de 2003 e 2011.
O presidente da Alepa, deputado Chicão, em nome de todos os deputados estaduais e servidores do Poder Legislativo, lamentou o falecimento do ex-deputado Luiz Eduardo Anaice e estendeu suas condolências aos familiares.
"Lamento profundamente a partida do jornalista Luiz Eduardo Anaice, figura importante para a comunicação paraense e que, de forma criativa e inovadora, mudou o conceito de se divulgar notícias policiais. Além de jornalista, ambiente em que ficou conhecido pelo seu jeito divertido e diferente à frente de diversos programas na rádio e na televisão durante décadas, foi deputado estadual e e construiu um nome também no universo político. Meus sentimentos aos amigos e familiares", afirmou Chicão.
