Você está em: Portal Alepa / Notícias / Alepa lembra Março Lilás e a prevenção ao câncer de colo de útero
Notícia
Alepa lembra Março Lilás e a prevenção ao câncer de colo de útero
Reportagem: Andrea Santos
Edição: Dina Santos
No Brasil, o mês de março é dedicado à prevenção do câncer de colo de útero. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tumor de colo de útero atinge mais de 16.700 mulheres, por ano, no Brasil (estimativa de novos casos por ano no triênio 2020/2022). Com exceção do câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
Também de acordo com as estimativas do INCA, devem ser registrados 780 novos casos no Pará e 110 em Belém até o final de 2022. A região Norte é a única no Brasil em que a incidência do câncer de colo de útero supera a do câncer de mama.
Na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), a deputada Dra. Heloísa Guimarães é autora da Lei nº 8.964, de 23 de dezembro de 2019 – Março Lilás. A Lei altera e acrescenta dispositivo a Lei nº 7318 de 15 de outubro de 2009 que institui a semana estadual de prevenção ao Papiloma Vírus Humano (HPV) e ao combate ao câncer do colo do útero. O Março Lilás institui as "campanhas de prevenção do câncer do colo útero" e a "semana estadual de prevenção do HPV e ao combate ao câncer do colo do útero".
A realização do Março Lilás e da semana de estudos, prevenção e combate ao HPV e do câncer do colo útero têm os seguintes objetivos: as ações desenvolvidas no Março Lilás e na semana de estudos, prevenção do HPV e o combate ao câncer do colo do útero, deverão ser baseadas nos dados dos sistemas de informações em saúde, com a finalidade de abranger o maior número de pessoas que se enquadrem no perfil.
"É importante ter palestra, audiovisual, outras formas de fazer com a mulher entenda como deve ser a prevenção do câncer do colo de útero. Março lilás é vida. Quanto mais propagar sobre a prevenção da doença, mais chance teremos de diminuir mortes causadas por ela. Março Lilás é vida", disse a deputada Dra. Heloísa Guimarães. "Como médica, peço as mulheres que façam seus exames periodicamente", finalizou.
Segundo a oncologista Amanda Gomes, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), as ações do Março Lilás são essenciais. "Campanhas como o Março Lilás e outras ajudam na conscientização e diagnostico precoce. Mas no caso do câncer do colo de útero é mais importante ainda, porque a conscientização e tratamento precoce, podem fazer com que o mundo possa se livrar dessa doença", disse. Ela reitera que "Como a maioria dos casos, o câncer de colo de útero é uma doença silenciosa. No início, quando a lesão é muito pequena ela não dá sintoma, mas é preciso ficar de olho em sangramento vaginal fora do período menstrual", acrescentou.
Oncologista Amanda Gomes, do CTO
Prevenção
Uma pesquisa publicada recentemente na The Lancet, uma das revistas científicas mais importantes do mundo, faz repensar a possibilidade de prevenção, pelo menos com relação ao câncer de colo de útero. O resultado da pesquisa da Lancet é animador sobre a eficácia da vacina contra o HPV, que é o agente causador de 90% dos casos de câncer de colo de útero.
Os pesquisadores da Escola de Câncer e Ciências Farmacêuticas da King's College, de Londres, constataram que a vacina contra o HPV reduziu a incidência do câncer de colo de útero em 87% no grupo de mulheres que participaram da pesquisa e que tomaram a vacina quando tinham 12 ou 13 anos.
O exame preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolaou) é a principal estratégia para detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico da doença. O exame pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é e qual a importância do exame preventivo, pois sua realização periódica permite reduzir a mortalidade pela doença. O exame preventivo é indolor, simples e rápido.
Além disso, a forma de prevenção mais importante é a vacina contra o vírus HPV, que está disponível, desde 2014, no calendário vacinal da rede pública. A vacina tetravalente para meninas de 9 a 14 anos. Em 2017, foram incluídos os meninos com idades entre 11 e 14, além das meninas e mulheres portadoras do HIV, na faixa etária de 9 a 26 anos. Os adolescentes foram escolhidos por essa faixa etária ser a que apresenta maior benefício pela grande produção de anticorpos e por não ter sido exposta ao vírus. O objetivo é que as crianças e adolescentes sejam vacinados antes de iniciar a vida sexual.
Baixa cobertura - A maioria dos casos de câncer de colo de útero tem o diagnóstico em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e a cura. Apesar de as doses estarem disponíveis nos postos de saúde, a cobertura vacinal contra o HPV é considerada "insatisfatória" por especialistas na área. Numa análise publicada no final de 2020, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) aponta que 70% das meninas de 9 a 15 anos e pouco mais de 40% dos meninos de 11 a 14 anos tomaram a primeira dose da vacina. Na segunda dose, os índices de vacinados baixam para 40% e 30%, respectivamente. O ideal, segundo a entidade, é que as taxas atingissem os 80% em ambos os sexos. São números bem abaixo do esperado e dificultam o cumprimento da meta da OMS de eliminar o câncer de útero até 2030.

